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Por que o homem foi feito de barro – Uma breve explanação sobre a vida

            Dizer que Deus fez o homem a partir do barro é obviamente uma metáfora. Física ou quimicamente falando-se, talvez até fosse possível. Porém, a explicação se refere, na verdade, à questão espiritual. A argila é moldável, assim como o homem o é aos olhos de Deus. Em princípio, Deus nos dá liberdade para moldarmos a nossa própria personalidade através da Lei do Livre Arbítrio. Somos livres para escolher o que queremos ser, o que queremos fazer, como fazer, etc. Deus nos dá a capacidade de, à medida que avançamos em nossas experiências, construirmos nosso próprio destino.

            Contudo, nossa liberdade não nos exime de responsabilidade. Toda ação tem um reação, e toda causa tem um efeito. Nossos atos têm consequências e devemos responder por eles. Assim, dependendo do que fazemos na vida presente, encontraremos uma reação correspondente em um futuro imediato ou distante. Começa aí o papel de Deus em nossa modelagem. Através das diversas Leis que regem o Universo, Deus trabalha moldando as pessoas, oferecendo constantemente oportunidades de aprendizado e aprimoramento. Isso não anula de forma alguma a Lei do Livre Arbítrio, através da qual temos sempre a opção de escolher o caminho que quisermos, até mesmo o de chegar ao ponto extremo e raro de sermos considerados como causa perdida.

            Através da Lei de Causa e Efeito, verdadeiras boas ações e bons pensamentos geram efeitos positivos. Maus pensamentos e ações geram seus efeitos correspondentes. O processo é bastante dinâmico, porém, nem sempre conseguimos discernir boas de más ações pois, embora seja paradoxal, existe sempre um bem oculto em todo mal. A razão dessa dificuldade de discernimento é que, com o passar dos séculos, o acúmulo de ações e reações geraram uma verdadeira trama de karmas que devem ser saldados no momento e medida exatos, independentemente se a pessoa acredita nisso ou não. Karmas que estão para serem colhidos surgem na nossa vida das mais diversas formas: ao nascermos para a vida física, recebemos um corpo determinado; nascemos em uma especificada família, em época determinada, no local e nas condições perfeitas para que tenhamos os meios dos quais necessitaremos para o pagamento ou usufruto de nosso(s) karma(s). À medida que vamos crescendo, vamos tendo a chance de saldar karmas maduros, bem como poderemos incorrer na criação de novos.

            Sendo assim, o karma nada mais é do que uma oportunidade de aprendizado. É o mecanismo pelo qual nos deparamos com um obstáculo que nos obriga a repensar nossa trajetória. A expectativa Divina é de que mudemos em direção ao aprimoramento. Porém, se essa mudança não ocorrer na direção correta, com certeza teremos nova chance mais adiante. O que conta não é quantas vezes erramos ou quanto tempo levamos para aprender, mas, sim, o que finalmente aprendemos em si.

            Porém, o aprendizado se torna mais fácil e rápido quando damos “permissão” a Deus para que Ele nos modele. Essa permissão significa “colocarmos nossa vida à disposição de Deus”. Isso não quer dizer que assumiremos uma postura de passividade absoluta, onde passamos a crer que tudo “cairá do céu”, ou que não somos responsáveis por nossos atos ou destino. Pelo contrário: quanto mais ativa nossa participação, mais rápida será nossa evolução. “Deus coloca diante de nós a estrada, mas o trabalho de caminhar é nosso!”.

Permitir ser modelado incorre em aceitar os testes aos quais seremos submetidos. Esses testes colocarão em prova nossas virtudes, nosso conhecimento sobre a Sabedoria Divina, e nossa fé. Portanto, é preciso saber que tanto as dificuldades como as bem-aventuranças são oportunidades de aprendizado e que devem ser benditas e agradecidas! É certo que há situações em que se torna quase impossível para a mente humana, no atual estágio de desenvolvimento espiritual em que nos encontramos, compreender como é possível alguém nascer ou estar em determinadas condições aonde a dor e a privação vão além de qualquer limite imaginável, e qual seria o bem oculto nisso. Contudo, mesmo assim, as Leis de Deus se aplicam. Devemos lembrar sempre de que nenhuma prova é maior que a capacidade de cada um em superá-la.

            A permissão para a “modelagem” é ratificada à medida que nos desapegamos das coisas terrenas, sejam elas bem materiais ou pessoas, e mantemos nosso foco nas questões Divinas. Isso não quer dizer que devemos nos tornar alienados ao mundo material ou, então, que não nos importaremos mais com as pessoas que nos rodeiam. Pelo contrário, a responsabilidade se torna maior, pois há que se saber que tudo o que temos nos foi emprestado por Deus. Tudo o que temos são como instrumentos fornecidos por Ele para que possamos dar prosseguimento a nossa caminhada.

            Da mesma forma, como parte da permissão para apressar o processo de “modelagem”, é trabalho nosso buscar o conhecimento a respeito da Sabedoria Divina. Além disso, é necessário exercitar esses conhecimentos em nosso dia-a-dia. De nada adianta ter o conhecimento e não empregá-lo. Seria como “acender uma lâmpada e colocá-la debaixo de uma tigela; é preciso colocá-la em um lugar onde a luz se propague e ilumine todo o ambiente”. É preciso, assim, colocar o conhecimento adquirido em prática, através de atos, palavras e pensamentos.            A busca pelo crescimento e aperfeiçoamento físico, mental e espiritual depende do esforço de cada um. Por isso, estudamos, trabalhamos, nos alimentamos, nos relacionamos, nos emocionamos, etc., como forma de coletarmos experiências que irão servir em nosso desenvolvimento. Porém, quando esse esforço é direcionado de maneira correta, ou seja, apoiado na Sabedoria Divina, o progresso físico, mental e espiritual é recompensado por certo. Não necessariamente essa recompensa vem em forma material (se assim o fosse, o necessário desapego aos bens materiais não faria sentido), mas, por certo, vem como capacidade de conhecer e compreender a própria Sabedoria. Qual a vantagem disso? É a real felicidade, o verdadeiro estado de paz de espírito, o amor puro e sublime, a consciência cósmica; a verdadeira liberdade, onde já não existe sofrimento, pois não somos mais atados a nenhum sentimento de posse, vaidade, egoísmo, orgulho ou ganância. Tornamo-nos instrumentos de manifestação da Luz, da Graça e da Beleza de Deus. O caminho para se chegar a esse estado não é tarefa fácil, pois requer devoção, abnegação, disciplina, amor e fé; exercícios diários de compaixão, humildade e sentimento de gratidão para com Deus, mesmo nas horas mais difíceis. Porém, o prêmio é compensador, ao ponto de ser praticamente impossível a sua transcrição em palavras. Somente aqueles que acreditaram e se dedicaram à Senda conhecem o significado dessa vitória.

Extraído do livro Passo a Passo: poemas e reflexões

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A História Por Trás da História de – A Arara Azul

A História Por Trás da História - A Arara Azul

Essa história começou a ser escrita em 19 de fevereiro de 2019 e foi concluída cerca de vinte dias depois. Não houve propriamente uma inspiração sobre a história em si, mas um bizarro ponto de partida. Esse ponto de partida surgiu certo dia, quando eu desci pelo elevador até o térreo e ao abrir a porta dei de cara com um vizinho chato que mora no mesmo prédio. E, aí, veio-me a frase “E logo de cara com quem se depara?”. Pensei que isso poderia ser um refrão a ser usado em uma história. Passei, então, a pensar em coisas que rimavam com cara e depara. A primeira palavra foi “arara”. Mais tarde, comecei a escrever a história: um menino, em busca de aventuras, que entrou em uma mata e se deparou com a arara; a arara voou e ele a seguiu; seguiu até aonde? Um rio. Para rimar com rio… Anil. Então a arara era azul anil. Depois o rio era largo, profundo e manso (já pensando que o rio faria uma alusão à Consciência Universal). O ganso rimaria com manso, porém, já se delineava, aí, um significado: um ganso pairando na água de um rio sereno, com a superfície de espelho; mas, surgiram perguntas: por que um ganso? Essa não é uma ave que se encontra normalmente em uma floresta! Qual o sentido disso? Outra coisa importante: e daí? Depois disso, o que aconteceria? Onde a história iria chegar? E mais um “problema”: o cuidado de não instigar as crianças, e adultos também, a adentrarem na mata sem ter conhecimento e experiência! Enfim, a história precisava de um sentido e não poderia incitar os leitores a correrem riscos. Então, a “inspiração” teve que ser buscada. Foi como criar algo do zero, sem nenhuma pista, construindo um texto verso a verso, como se entra em uma mata fechada e não se consegue enxergar o sol ou mais além de alguns metros, impossibilitando ter noção de onde estamos indo. Quando já havia escrito uma boa parte, mais ou menos o meio da história, veio a ideia de um menino sonhando. E nesse sonho ele caminhava por um estreito caminho (baseado em um poema escrito anteriormente por mim, intitulado Passo a Passo), em um estranho lugar. Sendo um sonho, não incitaria explicitamente alguém a entrar em uma mata. Por ser um estreito caminho e um estranho lugar, veio-me a ideia dos portais e seus significados (baseado em um outro poema de minha autoria, intitulado  Doce Naufrágio). Aos poucos a história foi tomado um rumo, foi tomando sentido: um sonho, uma mudança de consciência… Faltava a conclusão: havia uma arara, um ganso, um jabuti; em cada situação ele aprendia ou despertava sua consciência sobre alguma coisa. Mas, e o desfecho? Pensei em muitas possibilidades, em falar sobre não termos o direito de desperdiçar nada, pois tudo custa o sacrifício de recursos; e/ou, a necessidade de nos conectarmos com a Consciência Cósmica; lei de ação-reação; o retorno à Mãe Natureza; etc., etc. Havia muitas alternativas, mas nenhuma ia ao âmago da questão. Lembrei-me da cena do poeta no filme “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas”, de Tim Burton, 2003, onde em uma determinada cidadezinha havia um poeta que há doze anos estava tentando concluir a estrofe “Rosas são vermelhas; violetas são azuis…” E não saía disso. Depois de uma semana me sentindo como o tal poeta, finalmente cheguei ao desfecho.

O lado místico da história foi sendo identificado depois. Eu já havia ouvido falar em Hermetismo, mas nunca havia lido a respeito. Depois da história pronta, fui identificando os elementos que faziam referência aos Sete Princípios Herméticos. Descobri, também, o significado oculto da arara, do jabuti e da serpente e toda a simbologia que havia. Enfim, foi uma história que teve que ser “escavada”, “garimpada”, extraída de uma pedra bruta que teve que ser quebrada (minha própria mente), removendo-se uma montanha de pedras até encontrar um sentido para ela. Mas acho que, no final desse processo todo, quem acabou se encontrando, mesmo, fui eu. COMPRAR

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Dor e Sofrimento: é possível viver sem?

Há momentos em que a vida pode ser comparada a uma forja, onde a vida em si é a fornalha e nós somos o metal. Iniciamos como um pedaço de ferro bruto que é colocado no fogo até se tornar rubro. Em seguida, somos retirados deste fogo e, pensando estarmos aliviados daquele calor intenso, somos colocados sobre uma bigorna e golpeados por um pesado martelo, que altera nossa forma e nossa estrutura essencial. Em seguida, somos colocados em óleo para resfriar. Alívio? Não. Uma vez resfriados, voltamos ao fogo e todo o ciclo se repete. Olhando a vida sob esse aspecto, seria ela, então, feita de sofrimento? Se entendermos qual o objetivo da forja, não, pois cada vez que somos forjados, somos transformados em um metal melhor, de melhor têmpera, mais flexíveis e de propriedades mais nobres, apropriados para desempenhar papeis mais elevados e nos tornamos mais resistentes à corrosão e à deterioração. Quantas vezes necessitamos passar pela forja? Depende do estágio evolutivo em que nos encontramos e de nosso progresso a cada ciclo.

A dor provocada pelas marteladas e pelo fogo existe, não se pode negar, e nem sempre é possível escaparmos da forja, pois há momentos da vida em que acontecem “infortúnios” quer queiramos, quer não. Obviamente que, se pudéssemos escolher, com certeza escolheríamos apenas bem-aventuranças e nenhuma adversidade. Mas, se fosse assim, teria que haver outro mecanismo que impulsionasse a evolução. Porém, se por um lado não podemos escapar da forja e da dor, já o sofrimento é opcional. Seria isso possível? Depende. Se prestarmos a atenção no processo em si, iremos sofrer, reclamar e maldizer; contudo, se prestarmos a atenção na transformação que o processo proporciona, entenderemos o significado de tudo isso e que tudo é uma grande oportunidade de aprendizado e de evolução.

Que vantagens levamos com isso? Muitas. Estaremos expandindo nossa consciência, deixando velhos conceitos para trás, transcendendo nossas percepções, nos libertando de amarras materiais e mesquinhas e nos conectando com o todo, com a Consciência Divina, acrescidos de sabedoria e nos tornando seres verdadeiramente holísticos. É um processo normalmente demorado, que, às vezes, segue o passo de cada um e, às vezes, nos atropela, mas que, para aqueles que acreditarem e tiverem perseverança, os resultados são simplesmente inimagináveis.

(extraído do livro Passo a Passo: poemas e reflexões)

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O Santo Graal

O Santo Graal, ao contrário do que muitos pensam e do que muitas lendas dizem, não se refere a um objeto na forma de um cálice que, uma vez encontrado, seria a fonte da Sabedoria e da Vida Eterna, ou à Maria Madalena que seria o receptáculo da linhagem de Jesus, como aventada pela literatura de ficção. Na verdade, trata-se do processo de evolução da consciência e alma do homem e que, quando representado de uma forma esquemática, assume o formato de um cálice (Figura 1), onde:

  • O cone vermelho representa nosso ego (escrito com “e” minúsculo, por tratar-se de nossa personalidade mutante e temporária). Essa personalidade é formada ao longo das diversas encarnações e reencarnação de cada indivíduo. À medida que evoluímos espiritualmente (seguimos em direção ao vértice do cone), nosso ego torna-se menor, mais sutil, menos denso, dando espaço para nossa essência divina se manifestar (raio amarelo no centro do cone), havendo, assim, uma expansão de nossa consciência, a qual passa a compreender melhor as leis do Universo.

  • O raio amarelo que percorre o eixo vertical no interior do cone vermelho representa o Ego (escrito com “E” maiúsculo, por tratar-se do verdadeiro Eu, a Centelha Divina presente em cada um de nós e que foi feita à imagem e semelhança do Criador). Observe-se que essa linha existe ao longo de toda a extensão do cone vermelho. Contudo, ela aumenta gradualmente de diâmetro à medida que se aproxima do vértice, representando que, à medida que nosso ego torna-se menos “denso”, possibilitamos, concomitantemente, uma maior manifestação de nosso Ego, uma expansão da consciência, da capacidade de percepção intuitiva.
  • A linha vertical que forma a cruz, na cor violeta, representa a descida do Espírito à matéria, onde o Espírito Criador (que está no alto), em um ato de sacrifício, criou a matéria (que está em baixo) para que sua criação pudesse se manifestar e coletar experiências, cabendo à criação, por sua vez (e também por um ato de sacrifício), trabalhar sua consciência individualizada (o ego) no sentido de retornar à consciência original (voltando para o alto, para o Criador), equiparando, assim, o ego ao Ego, ou, em outras palavras, a personalidade à Centelha Divina, formando-se, deste modo, um fluxo de descida e ascensão da energia espiritual.
  • A linha horizontal que forma o braço da cruz representa a Expansão da Consciência, consciência esta que vem sendo aprimorada ao logo de muitas reencarnações desde o surgimento do homem na Terra. O cruzamento das linhas vertical e horizontal representa um marco, o nascimento para uma nova vida, uma nova consciência, em que o Ego liberta-se o invólucro criado pelo ego.
  • O cone invertido, de cor amarela, localizado acima da linha horizontal da cruz, significa a Iluminação, estado onde o ego finalmente se equiparou ao Ego, havendo, assim, uma ampla abertura da consciência para receber a Consciência do Criador. É quando a base do cálice se transforma em bojo, em receptáculo, e o homem atinge um estado de graça indescritível, de real felicidade, de verdadeira paz de espírito, dominado pelo amor puro e sublime, onde verdadeiramente se conecta com o Todo, com a Consciência Cósmica, tendo início uma nova vida verdadeiramente holística.
  • A Espiral que envolve a base do cálice representa a força ascendente que impulsiona a evolução, à qual toda criação está sujeita, consciente ou inconscientemente, e que faz com que a criatura retorne ao criador. O movimento circular da espiral denota os ciclos à que tudo e todos estão sujeitos. Se olharmos a espiral de cima, veremos um círculo e o aparente retorno ao mesmo local a cada volta; contudo, ao olharmos para a espiral pela lateral, veremos que a cada volta avançou-se um degrau.
  • As esferas ou pontos ao longo da espiral representam as sucessivas reencarnações de um indivíduo, sendo que a distância entre um ponto e outro não representa o tempo entre duas encarnações, mas, sim, o progresso alcançado, onde: maior a distância, maior o progresso.
  • O fundo degradê da imagem representa a variação de densidade da matéria/energia, partindo do etéreo e sutil, no alto, ao denso e pesado, em baixo. Essa mesma variação de densidade está presente na composição de nosso ego, onde o apego ao mundo material o torna mais denso e, à medida que evoluímos espiritualmente, tornamos nosso ego mais sutil. 

A busca pelo Santo Graal, portanto, tem a ver com um processo de evolução espiritual, sendo este o verdadeiro propósito da vida, onde se busca o retorno (ou equiparação) da nossa consciência à Consciência do Criador, atingindo-se, assim, a Sabedoria e a Vida Eterna. É um processo feito passo a passo e requer devoção, abnegação, disciplina, amor e fé; exercícios diários de humildade, compaixão e sentimento de gratidão mesmo nas horas mais difíceis, atitudes estas diametralmente opostas às intensões almejadas por muitos dos que saíram pelo mudo em busca do “santo graal” objeto.

 

 

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