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Dor e Sofrimento: é possível viver sem?

Há momentos em que a vida pode ser comparada a uma forja, onde a vida em si é a fornalha e nós somos o metal. Iniciamos como um pedaço de ferro bruto que é colocado no fogo até se tornar rubro. Em seguida, somos retirados deste fogo e, pensando estarmos aliviados daquele calor intenso, somos colocados sobre uma bigorna e golpeados por um pesado martelo, que altera nossa forma e nossa estrutura essencial. Em seguida, somos colocados em óleo para resfriar. Alívio? Não. Uma vez resfriados, voltamos ao fogo e todo o ciclo se repete. Olhando a vida sob esse aspecto, seria ela, então, feita de sofrimento? Se entendermos qual o objetivo da forja, não, pois cada vez que somos forjados, somos transformados em um metal melhor, de melhor têmpera, mais flexíveis e de propriedades mais nobres, apropriados para desempenhar papeis mais elevados e nos tornamos mais resistentes à corrosão e à deterioração. Quantas vezes necessitamos passar pela forja? Depende do estágio evolutivo em que nos encontramos e de nosso progresso a cada ciclo.

A dor provocada pelas marteladas e pelo fogo existe, não se pode negar, e nem sempre é possível escaparmos da forja, pois há momentos da vida em que acontecem “infortúnios” quer queiramos, quer não. Obviamente que, se pudéssemos escolher, com certeza escolheríamos apenas bem-aventuranças e nenhuma adversidade. Mas, se fosse assim, teria que haver outro mecanismo que impulsionasse a evolução. Porém, se por um lado não podemos escapar da forja e da dor, já o sofrimento é opcional. Seria isso possível? Depende. Se prestarmos a atenção no processo em si, iremos sofrer, reclamar e maldizer; contudo, se prestarmos a atenção na transformação que o processo proporciona, entenderemos o significado de tudo isso e que tudo é uma grande oportunidade de aprendizado e de evolução.

Que vantagens levamos com isso? Muitas. Estaremos expandindo nossa consciência, deixando velhos conceitos para trás, transcendendo nossas percepções, nos libertando de amarras materiais e mesquinhas e nos conectando com o todo, com a Consciência Divina, acrescidos de sabedoria e nos tornando seres verdadeiramente holísticos. É um processo normalmente demorado, que, às vezes, segue o passo de cada um e, às vezes, nos atropela, mas que, para aqueles que acreditarem e tiverem perseverança, os resultados são simplesmente inimagináveis.

(extraído do livro Passo a Passo: poemas e reflexões)

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O Santo Graal

O Santo Graal, ao contrário do que muitos pensam e do que muitas lendas dizem, não se refere a um objeto na forma de um cálice que, uma vez encontrado, seria a fonte da Sabedoria e da Vida Eterna, ou à Maria Madalena que seria o receptáculo da linhagem de Jesus, como aventada pela literatura de ficção. Na verdade, trata-se do processo de evolução da consciência e alma do homem e que, quando representado de uma forma esquemática, assume o formato de um cálice (Figura 1), onde:

  • O cone vermelho representa nosso ego (escrito com “e” minúsculo, por tratar-se de nossa personalidade mutante e temporária). Essa personalidade é formada ao longo das diversas encarnações e reencarnação de cada indivíduo. À medida que evoluímos espiritualmente (seguimos em direção ao vértice do cone), nosso ego torna-se menor, mais sutil, menos denso, dando espaço para nossa essência divina se manifestar (raio amarelo no centro do cone), havendo, assim, uma expansão de nossa consciência, a qual passa a compreender melhor as leis do Universo.

  • O raio amarelo que percorre o eixo vertical no interior do cone vermelho representa o Ego (escrito com “E” maiúsculo, por tratar-se do verdadeiro Eu, a Centelha Divina presente em cada um de nós e que foi feita à imagem e semelhança do Criador). Observe-se que essa linha existe ao longo de toda a extensão do cone vermelho. Contudo, ela aumenta gradualmente de diâmetro à medida que se aproxima do vértice, representando que, à medida que nosso ego torna-se menos “denso”, possibilitamos, concomitantemente, uma maior manifestação de nosso Ego, uma expansão da consciência, da capacidade de percepção intuitiva.
  • A linha vertical que forma a cruz, na cor violeta, representa a descida do Espírito à matéria, onde o Espírito Criador (que está no alto), em um ato de sacrifício, criou a matéria (que está em baixo) para que sua criação pudesse se manifestar e coletar experiências, cabendo à criação, por sua vez (e também por um ato de sacrifício), trabalhar sua consciência individualizada (o ego) no sentido de retornar à consciência original (voltando para o alto, para o Criador), equiparando, assim, o ego ao Ego, ou, em outras palavras, a personalidade à Centelha Divina, formando-se, deste modo, um fluxo de descida e ascensão da energia espiritual.
  • A linha horizontal que forma o braço da cruz representa a Expansão da Consciência, consciência esta que vem sendo aprimorada ao logo de muitas reencarnações desde o surgimento do homem na Terra. O cruzamento das linhas vertical e horizontal representa um marco, o nascimento para uma nova vida, uma nova consciência, em que o Ego liberta-se o invólucro criado pelo ego.
  • O cone invertido, de cor amarela, localizado acima da linha horizontal da cruz, significa a Iluminação, estado onde o ego finalmente se equiparou ao Ego, havendo, assim, uma ampla abertura da consciência para receber a Consciência do Criador. É quando a base do cálice se transforma em bojo, em receptáculo, e o homem atinge um estado de graça indescritível, de real felicidade, de verdadeira paz de espírito, dominado pelo amor puro e sublime, onde verdadeiramente se conecta com o Todo, com a Consciência Cósmica, tendo início uma nova vida verdadeiramente holística.
  • A Espiral que envolve a base do cálice representa a força ascendente que impulsiona a evolução, à qual toda criação está sujeita, consciente ou inconscientemente, e que faz com que a criatura retorne ao criador. O movimento circular da espiral denota os ciclos à que tudo e todos estão sujeitos. Se olharmos a espiral de cima, veremos um círculo e o aparente retorno ao mesmo local a cada volta; contudo, ao olharmos para a espiral pela lateral, veremos que a cada volta avançou-se um degrau.
  • As esferas ou pontos ao longo da espiral representam as sucessivas reencarnações de um indivíduo, sendo que a distância entre um ponto e outro não representa o tempo entre duas encarnações, mas, sim, o progresso alcançado, onde: maior a distância, maior o progresso.
  • O fundo degradê da imagem representa a variação de densidade da matéria/energia, partindo do etéreo e sutil, no alto, ao denso e pesado, em baixo. Essa mesma variação de densidade está presente na composição de nosso ego, onde o apego ao mundo material o torna mais denso e, à medida que evoluímos espiritualmente, tornamos nosso ego mais sutil. 

A busca pelo Santo Graal, portanto, tem a ver com um processo de evolução espiritual, sendo este o verdadeiro propósito da vida, onde se busca o retorno (ou equiparação) da nossa consciência à Consciência do Criador, atingindo-se, assim, a Sabedoria e a Vida Eterna. É um processo feito passo a passo e requer devoção, abnegação, disciplina, amor e fé; exercícios diários de humildade, compaixão e sentimento de gratidão mesmo nas horas mais difíceis, atitudes estas diametralmente opostas às intensões almejadas por muitos dos que saíram pelo mudo em busca do “santo graal” objeto.

 

 

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